DEVER DE MEMÓRIA

Na senda da memória…em Oradour-sur-Glane

O tempo passa muito rápido, estava nos planos do projeto, desde sempre, a visita a Oradour-sur-Glane e (re)visitar Bordéus”, porque ao longo da existência do projeto UNESCO “Dever de Memória – jovens pelos Direitos Humanos” do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal os membros da equipa sempre procuraram concretizar o pilar da formação, trilhando caminhos do conhecimento em vários lugares, nacionais e internacionais.

O roteiro constituído por Oradour-sur-Glane e pela cidade de Bordéus, foi o destino das aprendizagens levadas a cabo neste feriado de 5 de outubro de 2023, num envolvimento de 4 dias intensos de uma experiência enriquecedora e emotiva, de aprendizagem e de memória por terras de França.

Em Bordéus, fomos recebidos pelo Dr. Manuel Dias Vaz, fundador do Comité de homenagem a Aristides de Sousa Mendes, com uma excelente palestra junto do busto de ASM, na Esplanade Charles de Gaulle, que de forma eloquente, partilhou o seu saber sobre os feitos heroicos do nosso humanista naquela cidade, que viriam a mudar para sempre a vida daqueles que se cruzaram com ele em busca da sobrevivência no contexto da perseguição nazi.

A visita a Oradour- sur-Glane (aldeia mártir de um massacre cometido por soldados do exército nazi), despertou no grupo uma profunda tristeza face ao sofrimento dos que ali pereceram, bem patente na memória das paredes em ruínas e nos objetos carbonizados, o que nos leva a concluir que a vida é de facto muito frágil. Hoje, vemos que pouco vai florindo e será sempre uma história inacabada, que nos levanta reflexões sobre a importância da vida  e de valores intemporais, sendo que não conseguimos deixar de viajar ao passado embalados pelos registos deixados por tudo o que ficou no trágico dia 10 de junho de 1944, onde perderam a vida nesse massacre 643 pessoas, das quais 190 homens fuzilados, 246 mulheres e 207 crianças fuziladas e queimadas na igreja da vila,  constituindo o maior massacre de civis cometidos na França pelos nazis.

Após a 2ª guerra, o Presidente Charles de Gaulle decidiu que a cidade não seria reconstruída, permanecendo as suas ruínas como um memorial à crueldade da ocupação nazi na França. Em 1999, Jacques Chirac ergueu um centro da memória em Oradour e nomeou, oficialmente, a vila como “cidade-mártir”.

Seguidamente, os destinos foram Limoges e Rocamadour, este último, um importante local de peregrinação em França, foi proposto por Augusto Mendes, docente do AECS e entusiasta desta causa. Estas visitas completaram o emaranhado de emoções, pela beleza histórico-cultural destes locais, maravilhosamente integrados nesta viagem de memória

Gratidão ao grupo fantástico pela partilha desta viagem memorável.

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